terça-feira, 19 de maio de 2015

4 ª GERAÇÃO PRO

Brasil no topo – IPS \ ASP \ WSL

A temporada 2015 da WSL está comprovando a sedimentação da força da Brazilian Storm. A festa, sem precedentes, com a vitória de Filipinho Toledo no Oi Rio Surf Pro, na Barra da Tijuca, vem coroar uma sequência de fatos que remonta à origem do profissionalismo no surf.

Voltemos a 1976, quando foi criada a IPS. Refletindo sobre toda esta história, visualizo quatro gerações distintas do surf profissional brasileiro.

DANIEL FRIEDMANN E PEPÊ LOPES
CAMPEÃO E VICE DO WAIMEA 5000 DE 1977
FOTO: FEDOCA

PROJETO GRÁFICO DE FERNANDO MESQUITA
PARA CAPA DO LIVRO A SER LANÇADO NO FINAL DE 2018


Quando foi criado o primeiro Circuito Mundial de Surf Profissional, concebido pelos havaianos Fred Hemmings e Randy Rarick, o Brasil já estava na programação com uma das etapas da IPS.
E pudemos mostrar serviço com as vitórias de Pepê em 1976 e Daniel em 1977 no Waimea 5000. Ao lado de Rico de Souza, Otávio Pacheco e outros expoentes do surf brasileiro nos anos 70, eles criaram as fundações, o alicerce para a estruturação do surf profissional no Brasil.

2 ª GERAÇÃO

Nos anos 80 podemos destacar dois surfistas como sendo os protagonistas de uma “geração perdida”, pois ainda não havíamos nos estruturado para colocar nossos atletas lutando de igual para igual dentro da elite.
Cauli Rodrigues e Picuruta Salazar, caso tivessem o apoio necessário de patrocínios para estarem focalizados em treinar e disputar todas as etapas da IPS, tinham potencial para estar entre os TOP 16. Ambos tinham uma batida de backside tão boa (ou melhor) como a dos melhores de seu tempo e uma atitude instintiva surfando tubos de frontside.
 CAULI CAPA DA VISUAL EM 1981
FOTO: NILTON BARBOSA


PICURUTA VENCEU O OP PRO DE 1985 NA JOAQUINA
FOTO: BRUNO ALVES

Ao lado de outros atletas como Mauro Pacheco, Roberto Valério, Valdir Vargas, Fred d’Orey, os irmãos Matos, da praia do Tombo, poderiam ter chegado mais longe no ranking, com a estrutura e entendimento que temos hoje.

Na verdade o Brasil ficou afastado do World Tour de 1982, quando tivemos o último Waimea 5000, no Rio; e o Hang Loose Pro Contest de 1986, na praia da Joaquina.
Exceto os surfistas que conseguiam viajar para disputar ALGUMAS das etapas do tour, ficamos distantes do nível que MR, Carroll e Curren começavam a dar ao surf profissional. Em 1983 nasceu a ASP, mais estruturada que a IPS. Com premiações crescentes e mais etapas pelo mundo. Um circuito caro.
Nossos esforços internacionais eram esporádicos. Pepê Cezar e Eraldo Gueiros foram os únicos brasileiros, por iniciativa própria, a disputar o Mundial da ISA, na Califórnia, em 1984. Renato Phebo conseguiu um patrocínio da British Airways para correr o World Tour da ASP. Muitos talentos nacionais não tinham como ir.

Em 1988, com a participação retumbante da equipe brasileira no Mundial da ISA em Porto Rico, a coisa começou a mudar, sentimos nosso potencial.

3 ª GERAÇÃO

Para representar nossa terceira geração os nomes de Fabinho Gouveia e Teco Padaratz compõem a linha de frente.


FABIO GOUVEIA VENCEU O HANG LOOSE PRO CONTEST DE 1990, NO GUARUJÁ
E MAIS 3 ETAPAS DA ELITE DA ASP ATÉ 1992
FOTO DE AGOBAR JUNIOR PARA CAPA DA INSIDE DE 1997


TECO PADARATZ EM CAPA DA HARDCORE DE 1991
VENCEDOR DO ALTERNATIVA NA BARRA DA TIJUCA
FOTO: AGOBAR JUNIOR

Nos anos 90 o time brasileiro foi crescendo no cenário da ASP, chegamos a ter 11 atletas na elite na temporada de 2001. Além de Teco e Fabinho, Victor Ribas (que chegou a ser o terceiro do mundo no ranking final), Peterson Rosa, Ricardo Tatuí e Neco Padaratz chegaram a vencer etapas nos anos 90.
Durante toda esta década e a seguinte, a primeira dos anos 2000, não tivemos nenhum atleta que entrasse na disputa por um título mundial, nem liderando o ranking.


A 4@ ONDA - BRAZILIAN STORM

A década de 10 veio com uma geração iluminada para o surf brasileiro. Adriano de Souza entrou para a elite em 2005, foi o mais jovem na época, praticamente vindo no rastro de Gouveia, Peterson e dos irmãos Padaratz. Atingiu maturidade competitiva. Hoje é o veterano de nosso time. A partir de 2008 se colocou entre os Top 10 e agora vem para o seu melhor ano.
 ADRIANO MINEIRINHO ASSUMIU A CAMISETA AMARELA DO LÍDER DO RANKING NA ETAPA DE MARGARET RIVER E REMA PARA FIJI NO TOPO
FOTO CESTARI \ WSL

 GABRIEL MEDINA ÚLTIMO CAMPEÃO MUNDIAL DA ERA ASP
EM TEAHUPOO, NO ANO PASSADO, VENCEU UM DOS CAMPEONATOS MAIS ESPETACULARES DE TODA A HISTÓRIA DO SURF
AQUI SURFANDO NA BARRA DA TIJUCA
NEM PENSEM QUE ELE PERDEU O FOCO!
FOTO: DANIEL SMORIGO



 FILIPE TOLEDO ATINGIU UM PADRÃO DE SURF ASSUSTADOR
SUAS VITÓRIAS RECENTES FORAM INCONTESTÁVEIS
FOTO: HENRIQUE PINGUIM

O que acontece agora, em 2015, é inédito na história do esporte. Um país do terceiro mundo, fora do eixo Hawaii \ Califórnia \ Austrália, toma de assalto a linha de frente da recém formada Liga Mundial de Surf.
Há poucos anos Adriano de Souza foi o primeiro brasileiro a liderar o ranking da elite masculina. Com uma consistência impressionante lidera a tropa, que tem em segundo lugar na corrida pelo título do CT, outro brasileiro: Filipe Toledo. Ambos com uma margem confortável.
A consistência durante as sete etapas restantes será um fator chave para definir a briga pela taça ao final de primeira temporada da WSL.
Não podemos descartar o defensor do título, Gabriel Medina, que entra em uma sequência de eventos favorável nos tubos de Pacífico Sul e deve saltar para os Top 5 em breve. Para Kelly Slater, Mick Fanning, John Florence e os outros gringos é a hora de encostar para tentar abrir espaço no olho da tempestade.
Como último destaque é importante sublinhar estas performances de Filipe Toledo. Foram 4 eventos: o O’Neill de Maresias, o Quiksilver Pro da Gold Coast, Oakley 10000 de Trestles e agora o Oi Rio Pro, em que ele simplesmente entrou na competição com uma performance, um tipo de atitude NÃO TEM PARA NINGUÉM. Coisa que Slater, Curren, Pottz, Andy Irons e poucos outros..., conseguiram imprimir em temporadas já distantes.
O fator chave será a consistência e a capacidade de Mineirinho, ou Filipinho, se manterem na ponta, ou arrancarem com ainda mais força para uma temporada avassaladora.

Essa história está sendo escrita neste exato momento e fará parte do livro A GRANDE HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO, com previsão de lançamento para o final deste ano.

Conheça detalhes do projeto clicando no link: www.hsurfbr.com.br