terça-feira, 4 de dezembro de 2012

CORAGEM, MEDO e SUPERAÇÃO


(para o surfista comum) e nossos pros também

Uma das vantagens de abrir um blog é que podemos escrever de forma mais descontraída, sem se preocupar tanto com o veículo, políticas e pautas rígidas. Por ter escrito por tantos anos para Fluir, Hardcore, Venice, Alma Surf... Será um exercício interessante soltar o verbo aqui. Sem compromisso formal. Não perderei minha veia jornalística, mas... Vamos lá.

A capa da Surfer de outubro 2012, com a cobertura do
mega swell de Fiji e a chamada gigante FEAR (medo).
Muitos surfistas profissionais encararam seu limite 
nesta situação de ondas extremas.



SURF

Aos doze anos de idade descobri o surf (de pé – já praticava de “bodyboard” e jacaré há algum tempo) e minha vida tomou um SENTIDO.
Cidadão paulistano, vivendo a 100 kms do mar, cativado pelo impacto do filme Endless Summer.
Assistir a esse filme (no Cine Rio – Conjunto Nacional – Av. Paulista) mudou minha vida.
Passei a viver esperando o momento de surfar. De novo... E de novo.
Esperando o próximo swell, a próxima viagem.
A chance de estar próximo a boas ondas.

Uma das facetas mais cativantes do surf é o processo de aprendizado e evolução que os iniciados vivem. Cada dia na água, cada nova sessão de surf, há sempre uma descoberta. Uma forma evolutiva de fazer melhor o que aprendemos na queda anterior. E interessante como isso não para nunca, porque o surf não para de evoluir. E as ondas sempre entram diferentes, nunca vão existir duas iguais.
Fora a técnica para executar bem as manobras, aumentar o repertório, abordar as seções da onda de forma diferente... Usar a criatividade e a expressão corporal. O que mais instiga um surfista é superar seus limites em termos do tamanho das ondas desafiadas e da descoberta de seu próprio potencial.
É disso que vamos falar aqui.
Neste blog procurarei passar muito de minha experiência própria de mais de 40 anos surfando. De antemão declaro que nunca fui, nem me considero um big rider. Gosto de surfar ondas grandes. O máximo que dropei foram ondas de uns 5 metros de face, em Sunset Beach, no Hawaii, mas o que exporei aqui se aplica a qualquer surfista, nas mais diversas situações.

LIÇÃO DE VIDA
A escola, os pais e a educação familiar, os amigos com os quais nos relacionamos, o que estudamos e nos interessamos em ler e pesquisar, tudo o que vivemos...
Vai nos moldando para sermos, nos transformarmos no que somos.
O ato de surfar, em si, é muito construtivo. Pois naqueles momentos, por mais que tenhamos amigos por perto, é você e o oceano. O surf é um esporte individual, por vezes solitário. E quando entramos em um mar para surfar, principalmente se ele estiver MAIOR, precisamos entender tudo que está se passando ali. Saber que em momentos de emergência absoluta, que podem acontecer, talvez possamos contar apenas com “nós mesmos”. E talvez nossa força interior divina. Salva-vidas, amigos salvadores, podem aparecer, mas caso não... É você e o mar.
Lidar com o mar nos ensina muito para a vida do dia a dia.
Respeito.

SEM CORDINHA
Todo meu horizonte inicial de surf foram as ondas da praia de Pitangueiras, no Guarujá, minha primeira prancha foi um pranchão Glaspac MK3, pesado, mas que deslizava com desenvoltura. Cordinha? Ainda seria inventada. As primeiras aventuras adrenalizantes aconteceram assim.

Vamos ao cenário da época, alguns registros para os que desejam entender um pouco desta história e de como era para nós surfar no início. O primeiro ato de inconsequência foi quando perdi minha prancha surfando as direitas da Ilha, com uma ondulação de leste. Como de hábito nadei até a praia, levou um tempo, o mar não estava pequeno. Para minha surpresa a prancha não estava lá (não ninguém roubava um pranchão perdido naqueles tempos - Verão 69\70). Olhando para o mar descobri que a correnteza de leste havia arrastado a prancha para o outro lado da Ilha Pombeva, atrás da arrebentação. Sem titubear me atirei na água e saí nadando para o fundo, naquelas ondas cruzadas em frente à ilha, bem onde diversas placas “Mar Perigoso” ficam fincadas na areia. Um garoto de 13 anos enlouquecido, querendo se suicidar, ou era o que aparentava. Logo os salva-vidas começaram a apitar e se formou um paredão humano na beira para assistir a mais uma ocorrência. No meio do mar eu apontava para o outside e continuava nadando para o fundo. Eles apitavam cada vez mais alto. Eu segui no meu objetivo: nunca que eu iria deixar minha prancha (a única) sumir no mar. Por sorte uma onda finalmente a pegou de jeito e eu, que nadava com rumo certo, agarrei a borda, subi nela e voltei para tomar a dura e explicar a situação. Um pouco de conversa, tudo esclarecido e pude voltar ao que me interessava: surfar mais.

Me saí dessa graças à larga experiência de ficar durante quase um ano, depois de assistir ao filme e antes de ganhar esta minha primeira prancha, esperando as pranchas perdidas na beira da Área de Surf. Só para ter o prazer de tocá-las, senti-las, remar sobre elas, até que seus donos chegassem à beira. Porém...
As aventuras com o surf iriam ficando mais sérias...

Visual que eu tenho da ILHA de Pitangueiras. De 1967, 
quando comecei a frequentar, até hoje... 
Já vi todo tipo de mar aí. 
Este dia estava bem mais convidativo do que o descrito no texto abaixo. 
Foto tirada com meu celular.



COMO EU SAIO DESSE MAR?
Interessante, isso não deve ser muito problema hoje na era da cordinha (Leashes, leg ropes, estrepes, como queiram chamá-las), mas lembro de trocar uma ideia com diversos amigos meus e essa pergunta: “O que eu vim fazer aqui? Como eu saio desse mar agora?” Martelava nossa cabeça ao nos depararmos com situações um pouco além de nossa zona de conforto. Foram poucas vezes, mas me coloquei nesta situação, principalmente antes de entender todos os trejeitos do mar.

Um episódio radical foi quando eu tinha 17 anos. Minhas aulas em Sampa acabavam ao meio-dia eu almoçava e ia para a rodoviária, pegava um ônibus para a Ponta da Praia (ainda não havia estrada direto para o Guarú), uma carona na balsa e dava para pegar um final de tarde. Numa dessas sextas-feiras cheguei na maior fissura. Estranhei não ter ninguém no mar. Olhei o visual de cima do apê e pareceu que tinha umas direitas entre a ilha e o morro do Maluf. Varei em diagonal e só quando cheguei lá no fundo me dei conta da situação. Tinha umas ondas de uns 2 metros, no outside percebi uma correnteza em forma de redemoinho e eu olhava para praia e não via nenhuma alma viva naquela tarde cinzenta e já para anoitecer. Se eu dançasse no drop e perdesse a prancha ia ficar em maus lençóis para sair daquele mar. Não errei, não podia, surfei uma única onda e sai agradecendo a Deus.
Isso foi no final de 1973, já de pranchinha, no ano seguinte eu acabaria instalando um copinho nessa prancha (6’8”), a única de meu quiver na época. Logo eu, que era um “purista” – anti cordinha. OBS: esta foi a primeira prancha que guardei e tenho até hoje, até o início dos anos 70 tínhamos uma única prancha. Num outro post deste blog vou contar as histórias das cordinhas iniciais que produzíamos artesanalmente; ou também dos tocos de vela, que passava em meu pranchão Glaspac até o pavio ficar ciscando como uma minhoca entre o deck da prancha e a palma da minha mão.  Bem, voltando ao caso de vida ou morte, era comum naquela época entrar sozinho no mar. Porém, eu nunca havia passado tanto medo.

Em mares maiores, com amigos na água, ou até desconhecidos, mas colegas da mesmo tribo, o medo é mais facilmente controlado. O que acho muito interessante registrar aqui é esta faceta evolutiva do surf. De lidar com o medo natural do mar e ao mesmo tempo buscar superar os seus limites. A coragem é um dos fatores que está mais ligado ao surf em ondas grandes, pois nos colocamos em situação de risco. Temos que saber EXATAMENTE o que estamos fazendo e saber nossos limites contra a força daquele mar, entender o comportamento do mar para não entrar em pânico. No início há um pouco de inconsequência, mas este aprendizado nos leva a nos conhecermos intimamente. Saber exatamente quem somos com relação a uma situação de "enfrentamento". O desafio é uma das facetas mais arrebatadoras do surf. Desafiar o mar nos torna fanáticos, querendo mais e mais...
MINHA REGRA - DEPOIS DE ANALISAR BEM (SEMPRE DEVEMOS FAZER ISSO EM MARES GRANDES) PERGUNTAR A SI MESMO: "SE A MINHA CORDINHA QUEBRAR E EU TIVER DE SAIR NADANDO DESTE MAR - CONSIGO?". SE A RESPOSTA FOR POSITIVA - ENTRE.

No Hawaii e na Indonésia passei por boas aventuras nestas seis décadas (Anos 60\70\80\90\2000 e agora a Década de 10) de envolvimento com o surf. Meu blog está apenas começando, aguardem postagens ainda mais reveladoras no futuro. A única ideia é o entretenimento de quem tiver paciência para ler.


UM POUCO MAIS LONGE

Este ano de 2012 nos brindou com um dos momentos mais especiais da história do surf. Um dos momentos mais contraditórios, criticados, especulados, comentados na imprensa, debatido na internet e registrado “AO VIVO” na web. Foi o dia que fizeram apenas duas baterias do Volcom Fiji Pro, a espetacular etapa do WT da ASP em Tavarua, que espero que nunca mais seja suspensa do calendário. A chance que tivemos (pessoas ao redor de todo o planeta) de poder assistir aquilo ao vivo foi um acontecimento histórico.
O tema continua sendo o MEDO \ SUPERAÇÃO. Voando de um lado ao outro neste blog, vou fazer o link e comentar aí (aqui) até num espectro mais amplo, pois acho que cabe. Todas as pontas se juntam no final. Espero ser construtivo para o surf e os surfistas brasileiros.
Ponto número 1, nesta época e logo após a realização deste evento, a revista SURFING estava preparando uma (merecida) Edição Especial Brasil. - TODAS as matérias desta revista (com exceção de uma introdução abordando Fiji) foram focalizadas na interpretação do Surf Brasileiro.

Vou me reservar o direito de analisar alguns fatos aqui, da forma que eu poderia fazer apenas num blog (responsabilidade total minha), isento de vínculo a qualquer veículo, pois hoje estou trabalhando free lancer, debruçado sobre a proposta deste livro abordando a HISTÓRIA DO SURF BRASILEIRO (http://www.hsurfbr.com.br/).
Portanto vamos jogar ideias e reflexões aqui.

A capa da SURFING, caso este swell estrondoso não houvesse ocorrido, com certeza seria uma das "raras" oportunidades de aparecer um surfista brasileiro estampando a pole position de uma das 2 Grandes de San Clemente (dos USA).
Não foi! Ou foi, na folder interna.
Será que isso vale?

A SURFING de outubro de 2012 trouxe a chamada BLUE FRIDAY 
e uma foto do salva-vidas do North Shore, Dave Wassel, 
dentro de um tubo enorme e uma setinha 
apontando para a folder (> esta edição não é sobre Fiji). 
CLIC e AMPLIE
Na folder um recorte saturado de uma imagem da internet de Adriano de Souza 
vibrando após uma onda de bateria e a chamada: 
"Uma análise além do estereótipo dos BRAZOs".


Bem desta edição (que eles chamaram THE BRAZIL ISSUE) destaco 3 situações:
1) Não haveria nada de Fiji nela (nem a capa) caso as ondas não tivessem quebrado de forma tão espetacular em uma etapa do WT da ASP, com os olhos do mundo voltados para lá.
2) No editorial, escrito por Taylor Paul (atual editor chefe da Surfing), ele destaca em seu parágrafo final: "...os brasileiros estão chegando. Estão quase lá - Dave Wassel na capa é um exemplo perfeito deste quase; ao procurar uma foto de um surfista brasileiro que valesse uma capa, não encontramos - mas eles estão chegando."
3) Embora tenha havido todo um esforço e boa vontade dos editores para retratar o Brasil, o surf brasileiro, da melhor forma, eles ainda têm uma pequena falta de visão estilo (antigo): A capital do Brasil é Buenos Aires; ou achar que tem sucuris andando nas ruas de São Paulo. Coisas desse tipo... Aberrações de visão estereotipada.
Estou exagerando aqui, mas no passado era bem esta a imagem que guardavam de países do terceiro mundo, como o Brasil.

À duras penas e com o passar dos anos estamos lavando esta percepção.
Os norte-americanos sempre viveram naquela redoma deles, se achando... Melhores, que o resto do mundo. Apesar de terem chamado Steven Allain (Hardcore) e Ricardo Macário (Fluir) para colaborar em duas das principais matérias, no contexto todo da edição dá para sentir um ar meio debochado com relação aos emergentes terceiro-mundistas. 
Mas isso não tira o mérito de analisarmos como nos enxergam, vestirmos a carapuça (no que for positivo) e continuar nossa trajetória.
Afinal de contas, ainda não temos nosso campeão MUNDIAL - exceto Burle, Phil Rajzman, Fabio Gouveia, Maya, Picuruta na ISA, Pedro, Adriano, Pablo e Caio entre os juniores, Danilo Couto mais recentemente e etc...
O que podemos tirar disso tudo?

Chegou o momento de fazermos a volta completa ao ponto de partida do texto. Aproveito a situação para deixar meu ponto de vista particular aqui. Acredito que foi correta a decisão da ASP (aí englobo: comissão técnica, direção de prova e representantes dos atletas) de suspender o Volcom Fiji Pro naquele fatídico 8 de Junho de 2012. Duas visões:
a) Se continuassem chamando as baterias acredito que todos os tops entrariam, alguns sub-equipados, ondas perfeitas quebrariam vazias, ou por estarem fora de posição, ou por já estarem numa roubada na zona de impacto, ou até por não sentirem condições de descer determinada onda, ou deixariam passar por pura estratégia.
SERIA UM DESPERDÍCIO
b) Com a Volcom deixando o sinal aberto na internet, muitos amantes dos webcasts tiveram uma chance ÍMPAR de presenciar um dos maiores espetáculos que o mundo do surf já testemunhou. Os big riders estavam lá, com suas guns e este momento de glória era deles. Estas ondas raras foram aproveitadas em sua plenitude por quem se atreveu.
ISSO FOI MELHOR analisando como um todo.
A situação era de um "outro" esporte naquele momento. Vejam que nem Kelly Slater arriscou o pescoço naquele dia (nem em Teahupoo fora de controle no ano anterior). E o show da ASP voltou no dia seguinte, espetacular, como esperado. Coincidentemente, Slater acabou vencendo os dois eventos pós mega swell. Depois que ele abandonar o Tour tenho (quase) certeza que vai se atrever em ondas assim. O cara é muito esperto e tem o foco em seus objetivos... Por que arriscar uma contusão no meio de uma temporada vencedora?

MORAL DA HISTÓRIA
Para nós brasileiros, lidar com este tipo de situação extrema, é sempre mais difícil do que para surfistas acostumados com ondas desta magnitude.
Vamos ligar agora a história da capa da Surfing, com a capa das revistas brasileiras que cobriram este swell. Por que a Surfing não colocou um brasileiro surfando em Fiji naquele dia, coroando uma edição temática perfeita?
Talvez eles não tenham ido com afinco atrás das fotos???

Um mosaico com algumas das revistas brasileiras nas 
edições que retratavam a cobertura deste swell épico. 
Reparem que até a Fluir optou por colocar uma foto de Kohl Christiansen na capa. 
A Hardcore estampou Lapinho Coutinho e a 
Surfar trouxe uma bela onda de Stephan Figueiredo.

Vamos a analise:  A Surfar ficou com o material de Fred Pompermayer, o único fotógrafo brasileiro (radicado na Califórnia) que esteve presente no evento. Fluir e Hardcore acabaram utilizando material da ASP e de fotógrafos internacionais.
Diego Silva, Lapo e Stephan saem em boas fotos nos veículos brasileiros. Capa gringa? Não foram editados. A Surfar traz uma foto em página dupla de Danilo Couto abandonando o “navio” ao ser pego pela série do dia. Aquela onda GIGANTE que ninguém dropou. Não encontrei fotos de ação dele desse dia. Danilo é um dos mais competentes e respeitados big riders do planeta. A coisa estava difícil por lá. Acredito que se a Surfing tivesse uma boa foto dele naquele dia, não hesitaria em colocar... Na capa.
Muitas vezes estes veículos recebem boas fotos de brasileiros e nem sabem quem são. As fotos acabam indo para o “reject” e se os fotógrafos não procurarem nossos veículos, ficam perdidas. Nos anos 80 e 90, quando trabalhei para veículos brasileiros cobrindo a temporada havaiana, eu fazia verdadeiras peregrinações nas casas dos fotógrafos do North Shore atrás das melhores imagens de brasileiros para publicar aqui no Brasil.

Bem, a moral de tudo isso é que naquela circunstância perdemos a oportunidade de uma capa da Surfing. Vamos continuar nossa trajetória de evolução. Lembro que Carlos Burle já estampou uma bela capa da Surfer, em Ghost Trees, na Baía de Monterey e Sylvinho Mancusi e Pato também fizeram belas capas da Surfing Life australiana em ondas de bom tamanho. A minha preferida (capa de revista gringa com brasileiro) é uma de Guilherme Herdy no Jornal Tracks (antes dele virar revista), em G-Land. Inclusive o junior citado acima, Caio Ibelli, que saiu recentemente, com 17 anos, numa capa da mesma Surfing, dropando uma onda de bom tamanho na Indonésia. Um belo dia ainda vou tentar postar TODAS estas capas brazucas aqui...

Porém, face às condições raras de big waves em nosso território, realmente é mais árduo nosso caminho para ganhar a experiência e por tabela a CORAGEM e SUPERAÇÃO para lidar com este tipo de situação.

Patrocinadores: ajudem nossos talentos mais corajosos a se graduarem em mais esta empreitada. Um caminho para poucos, mas que está sendo trilhado de forma brilhante pelos brazucas mais destemidos.

Para quem dropou aqui e ainda não teve o prazer de apreciar este memorável swell em Fiji, aqui vai um clip do you tube de 6 minutos. CONFIRA


Recorte da onda de Raoni Monteiro em que ele machucou o joelho. 
Por um triz ele não sai desse tubo. 
COMO??? 
Com todo o circo da ASP lá (fotógrafos e etc...) 
ninguém conseguiu produzir uma capa de Raoni nessa onda?

Para pensar...

Ao assistir - destaque para as duas ondas do chileno Ramon Navarro. De tirar o fôlego até assistindo.


ALOHA – FIJI. 
Não sei quando seremos contemplados com outro espetáculo desse calibre?

Por Reinaldo “Dragão” Andraus

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

LANÇAMENTO DO SITE DO LIVRO!

                                                              
                                                                 www.hsurfbr.com.br

Esse é o passo inicial de um projeto que vai prosseguir por todo o próximo ano.

No BLOG trarei muitos detalhes que acabarão não entrando no livro final por uma questão de espaço.

Aqui cada um dos capítulos também poderá ser abordado de uma forma mais descontraída, acrescentando informações e ilustrações com um estilo diferente.

Estarei sempre aberto às críticas e sugestões.

Este é só o primeiro passo.

Passeiem por todas as sub-páginas do site...        www.hsurfbr.com

terça-feira, 31 de julho de 2012

O LIVRO

Uma idéia um LIVRO

Já faz quase dez anos que esta ideia vem amadurecendo e tomando corpo em minha cabeça: Um LIVRO, denso, grande, abrangente, de alta qualidade... Abordando a bela história do surf brasileiro. Cheguei a inscrever o projeto no programa “Petrobras Cultural”, no início da década passada. Até procurei algumas gráficas e editoras, mas por ser um projeto dispendioso, ainda não decolou.

AGORA, respaldado por todas as facilidades da internet e da tecnologia moderna, decidi lançar a empreitada em três (3) frentes iniciais: este BLOG; um SITE DO LIVRO, que será divulgado em breve; e através do FACEBOOK.

O objetivo central desta empreitada inicial é exibir o escopo do trabalho e buscar a participação e colaboração de toda a comunidade do surf brasileiro.

FASE 1: Projeto de Pesquisa buscando patrocinadores para coletar todas as informações e fotos. PERÍODO ESTIMADO: agosto 2012 a outubro 2014

FASE 2: Encontrar um (ou mais), patrocinadores para concretizar a impressão de 5.000 EXEMPLARES em capa dura, alta qualidade, valendo-se das leis de incentivo.

FASE 3: Diversos lançamentos em território nacional, vislumbrando ainda a possibilidade de realização de um filme \ documentário desta rica história.

A GARIMPAGEM ESTÁ DECLARADA: ABERTA

Entrarei em contato com todos os fotógrafos de surf que já conheço e trabalharam ao meu lado em mais de 25 anos de envolvimento com a imprensa do esporte. Mas espero, através deste método, aqui implementado, encontrar diversas surpresas com relação a material inédito em publicações.

O SITE DO LIVRO (que será lançado em breve) TRARÁ MAIORES DETALHES: www.hsurfbr.com.br


                                        Um mosaico com algumas das revistas da minha coleção.
                                                                  Fundamentais para o projeto de pesquisa
.

Neste blog, além do acompanhamento natural ao andamento do projeto de pesquisa para a concretização do livro, estarei postando diversas histórias ligadas ao surf, música e reflexões sobre a vida de um amante da natureza que sempre viveu numa cidade grande a 100 quilômetros do mar. Viagens e aventuras. Personagens e competições de surf. Sessões mágicas e performances empolgantes. O velho e o novo. Um olhar para o passado e visões do futuro.

Afinal de contas, na minha modesta opinião, a prática do surf, que fez um clic na minha mente, depois de assistir no cinema Alegria de Verão - Endless Summer, ainda nos anos 60, aos 12 anos de idade...    SURF!!!    Não há atividade mais alucinante a ser praticada neste planeta.

Muitas histórias dessa vivência serão postadas aqui.


UM MOMENTO MÁGICO

Não poderia deixar de celebrar em minha primeira intervenção como blogeiro a fantástica vitória de Adriano de Souza “Mineirinho”, no Billabong Pro de Jeffreys Bay. Por aqui vocês já podem ter uma pitada do estilo de escrita que encontrarão neste blog.

A façanha ocorreu na sexta-feira, 13 de Julho e embora as ondas não tenham sido tão espetaculares como as dos três dias anteriores (10, 11 e 12), quando Super Tubes quebrou do jeito mais clássico que se possa imaginar. O mar ainda estava muito bom logo cedo, deteriorando rapidamente para uma final dramática. Por ser um evento de 6 estrelas do QS a maioria dos medalhões do WT passou o evento. Mas ao lado de Mineiro, que era o cabeça de chave número um, estavam figuras do tipo Jordy Smith, duas vezes vencedor desta competição e John John Florence, o havaiano de 19 anos, campeão da etapa brasileira do WT 2012. Ambos estarão na linha de frente da ASP durante toda esta década, ao lado de Mineirinho, Medina e do australiano Julian Wilson, o californiano Andino, entre outros...

Acompanhei a final “ao vivo”, apesar de toda facilidade que a internet proporciona com as “baterias on demand”, para assistir na hora mais adequada para você (veja anexo), ou apenas as ondas que interessam, clicando nelas...

Não há nada que a emoção de ver um evento esportivo se desenrolando na frente de seus olhos, naquela exata hora. O surf criou um sistema disso (os webcasts), que foi vanguarda total entre todo e qualquer esporte. Fruto da mente brilhante de uma turma de Niterói, comandada por Mano Ziul. Mas voltando ao assunto, como você prefere ver um jogo de Copa? Ao vivo, ou o replay. NÃO TEM COMPARAÇÃO! Você não vai roer as unhas, ou se descabelar, assistindo a um replay já sabendo do desfecho. Mas estes replays nos deixam analisar a situação de uma forma fria e desapegada do calor da situação. Isso é uma ferramenta excepcional.

Aos 25, Adriano destruiu em todo o campeonato, está numa fase ótima. Surf amadurecido. Óbvio que não dá para se acomodar. O nível não vai parar de subir... Tem uma molecada irada e ele já está virando “medalhão” top 10. Mas na final do Billabong Pro Jeffreys Bay, contra o excelente backsider francês Joan Duru, dois anos mais novo que Adriano e que chegou a participar de algumas etapas da elite em 2010, fiquei indignado!!! Com o julgamento desta final. Sorte que a justiça divina e a raça de Mineiro falaram mais alto.

Vamos aos fatos: em meu modo de ver toda polêmica está nas duas primeiras ondas. A diferença de nota dos 7,67 de Souza, contra os 9,27 de Joan, foi absurda. Vejam e revejam. Não sei se a pressão da maior torcida e gritaria da “euroforce” chegou a influenciar os juízes. Eles poderiam ter jogado um 8 baixo para Duru, no máximo. Nunca uma diferença de um ponto e meio. Não sou juiz, mas analiso e escrevo sobre baterias e resultados há mais de 25 anos. Achei a onda de Mineirinho superior. Após sua segunda onda poderia ter aberto uma boa margem, mas Joan virou com um “quatrinho”. Adriano, ao perceber que estava em desvantagem, deu tudo de si em uma onda surfada até os “tijolos” de J-Bay. Uma quilha dançou. Mineiro correu pela areia até o pico e faltando dois minutos para o fim do campeonato arrancou um 8,33. A nota saiu após o final da bateria. Justiça. Raça!

                                          http://billabongpro.com/jbay12/heat-analyzer-gb

Assistam aqui não só a bateria final (tirem suas conclusões), mas também outras baterias disponíveis no Heat Analyzer. Ou pelo menos os vídeos com os highlights de cada dia. Ondas fantásticas. No final de tudo o que vai ficar registrado para os anais da história do surf é uma primeira vitória de um brasileiro no Billabong Pro de Jeffreys Bay. Se foi WCT... WQS...? Não importa, foi Brasil e o troféu está na coleção de Adriano Mineirinho.

                                                                                           Por Reinaldo “Dragão” Andraus